« Home | O buraco negro ou o segundo mais estúpido de uma vida » | Palavras para quê? » | Feriadinho » | The end » | Sant'Antoninho e os lisboetas » | Dream on girl » | Et tu, Sócrates? » | Na volta do avião... » | A incoerência do vestuário » | Comida exótica para estômagos fortes » 

13 junho 2007 

Um poeminha pela efeméride que passa

SE DEPOIS DE EU MORRER

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.

Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.



(Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos)
_________

Etiquetas:

B.I.

Coisas Breves

Powered by Blogger
and Blogger Templates