Breviário de fitas: the departed
«You are sheep among wolves. Be wise as serpents, yet innocent as doves.»
É uma infelicidade que o filme que marca a promissora estreia de Ben Affleck como realizador seja, por cá, visto como um sucedâneo do caso Maddie. É que, ao contrário do que muitos possam querer fazer crer, o caso da menina inglesa, filha de pais ricos, desaparecida no Algarve não tem rigorosamente nada, a ver com esta história do desaparecimento de uma menina americana, filha de mãe solteira e toxicodependente, em Boston (resta, aliás, saber quais as razões que levarão alguém a querer associar um caso ao outro, mas isso caberá a quem de direito). É uma infelicidade que a coincidência e a tentativa de colagem de um triste caso real a um bom filme acabem por escamotear o verdadeiro valor da obra de Affleck. É que, para lá de um argumento cuidado e de uma resma de interpretações sérias, está um realizador com bons olhos, que sabe ver e mostrar sem revelar demais. É fácil reconhecer que, dez anos depois, o canastrão Ben Affleck ainda se safa melhor atrás do que à frente das câmaras.
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