Breviário de fitas: o gigante
«I have a competition in me. I want no one else to succeed. I hate most people.»
Na senda dos velhos épicos de Hollywood, o novo filme de Paul Thomas Anderson é uma verdadeira alegoria - por trás da história de um prospector solitário e ambicioso que se torna um magnata do petróleo atormentado, poderá esconder-se um forte comentário político sobre os conflitos de hoje e sobre tudo aquilo que se joga entre a ganância e o fanatismo, entre o dinheiro e a fé, entre a sede de petróleo e a sede de Deus. Porque é nesse conflito que reside a vida de Daniel Plainview, assombrada pela ambição, pela religião e pela família. E é nesse conflito que se foca o filme do autor de Magnólia, feito de uma árida contemplação, de grandes planos e vastos cenários, de uma arriscada banda-sonora do Radiohead Jonny Greenwood e, sobretudo, de uma tonitruante interpretação de Daniel Day-Lewis. Não é um filme fácil (talvez demasiado longo, talvez demasiado centrado no protagonista). Não é a obra-prima que P.T. Anderson decerto gostaria que fosse. Mas é, ainda assim, um belo e admirável filme.
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