31 agosto 2008 

Breviário de fitas: «In it for the money»

Star wars: the clone wars, Dave Filoni

«You'll have to do better than that, my darling.»

Se alguém sair da sala a pensar que acabou de ver um episódio mais longo de uma série de televisão... é porque, na verdade, é só isso que esta espécie de Episódio II e 1/2 é - um episódio da série de televisão com o mesmo nome que, por qualquer razão, foi transformado em longa-metragem. O problema não é esse. O problema é que este sétimo capítulo da saga a chegar aos cinemas não só não acrescenta nada à História nem às personagens como impregna todo o ecrã de pequenas incongruências e pormenores absolutamente dispensáveis e irritantes - é certo que servem para uma gargalhada e para aproximar os Jedis de uma geração mais nova de espectadores, mas não era preciso transformar os droides do Conde Dooku em versões metalizadas de Jar Jar Binks! Enfim, é uma hora e meia de Star Wars condensado e transformado em jogo de computador para a geração SMS...
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25 agosto 2008 

Breviário de leituras: Watchmen

Watchmen, Alan Moore & Dave Gibbons

«- My whole life life's a joke. One big, stupid, meaningless... Aw shit...
- I don't think your life's meaningless.
- On no, well, obviously that's what you're going to say because anything I'm stupid enough to believe is true, you just disagree with it and... You don't?
- No.
- But... Listen, you've just been saying life is meaningless, so how can...?
- I changed my mind.
- But... Why?
- Thermodynamic miracles... events with odds against so astronomical they're effectively impossible, like oxygen spontaneously becoming gold. I long to observe such a thing. And yet, in each human coupling, a thousand million sperm vie for a single egg. Multiply those odds by countless generations, against the odds of your ancestors being alive; meeting; siring this precise son; this precise daughter... until your mother loves a man she has every reason to hate, and of that union, of the thousand million children competing for fertilization, it was you, only you, that emerged. To distill so specific a form from that chaos of improbability, like turning air into gold... that is the crowning unlikelihood. The thermodynamic miracle.
- But... if me, my birth, if that's a thermodynamic miracle... I mean, you could say that about anybody in the world!
- Yes. Anybody in the world... But the world is so full of people, so crowded with these miracles that they become commonplace and we forget... I forget. We gaze continually on the world and it grows dull in our perceptions. Yet seen from another's vantage point, as if new, it may still take the breath away. Come... dry your eyes, for you are life, rarer than a quark and unpredictable beyond the dreams of Heisenberg; the clay in wich the forces that shape all things leave their fingerprints most clearly. Dry your eyes... and let's go home.»
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22 agosto 2008 

Breviário de fitas: cinco indomáveis patifes

Tempestade tropical, Ben Stiller

«Just because it's a theme song doesn't make it any less true.»

Era tão bom que todos os filmes que gozam com outros filmes fossem assim. Porque, ao contrário desses filmes que só gozam com outros filmes, dessas mantas de retalhos feitas de sketches e piadas soltas, a nova comédia de Ben Stiller vale por si só. Vale pela história e pelo argumento e pelas tiradas de génio («I don't break character until the DVD commentary»), vale pelas personagens e pelas interpretações (Robert Downey Jr. a fazer de Kirk Lazarus a fazer de Sargento Osiris é um achado), vale pelos trailers que antecedem o filme (!), vale pelo puro gozo. Vale por Downey Jr. (ainda há quem duvide que ele seja O Maior?) e por Steve Coogan e por um surpreendente Tom Cruise (por outro lado, não vale por Jack Black, que parece que anda por ali a passear o penteado). Era tão bom que todos os filmes que gozam com outros filmes fossem assim. E que todos pudessem ter Robert Downey Jr. no elenco...
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19 agosto 2008 

Breviário de fitas: o sexto elemento

Babylon A.D, Mathieu Kassovitz

Podia dizer-se que o problema de Babylon A.D. é Vin Diesel. Mas o problema é que o problema de Babylon A.D. não é Vin Diesel (que, apesar de tudo, empresta a Toorop toda a brutalidade e insensibilidade que a personagem requer). O problema é que - apesar de baseado numa obra de culto da sci-fi europeia, apesar de um ambiente pós-apocalíptico pelo menos diferente do formatado, apesar de recheado de nomes sonantes dirigidos por um realizador capaz, apesar de uma apetecível hora e meia de acção made in France para fãs do género - Babylon A.D. acaba por soar a uma espécie de mash-up em tons de negro e pessimismo d'O Quinto Elemento e d'Os Filhos do Homem... E se à estrela de XXX não se pede mais, já do realizador d'O Ódio esperava-se bem melhor (mesmo que a culpa não seja nem de um nem de outro - mas isso já é outro filme).
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17 agosto 2008 

Breviário de fitas: Johnny American?

Get Smart - Olho Vivo, Peter Segal

«Missed it by that much.»

Não é fácil: por um lado, o lado fã de quem aprendeu a gostar da série original nas tardes da RTP2; por outro, o lado fã de quem aprendeu a rir com Steve Carell (e de Steve Carell) nas noites do Daily Show. Não é fácil porque, apesar da hilariante matéria prima da série de Mel Brooks e da comédia que sai naturalmente dos poros de Carell, a coisa acaba por não se misturar tão perfeitamente como seria de esperar. É que, por mais talento que haja em frente às câmaras (a começar em Terence Stamp e a acabar em Alan Arkin) e por mais que se tente por trás das câmaras (e, por mais que tente, Peter Segal não é mais que um realizador mediano), este Olho Vivo versão 08 nunca consegue chegar aos calcanhares do Olho Vivo original. Não é que não tenha piada (que vai tendo), não é que não tenha os seus momentos (que os tem), não é que não faça rir (que faz). Mas faltou-lhe qualquer coisa... Faltou-uma velha e boa Guerra Fria, faltou-lhe gozar um pouco mais com um certo espião britânico, faltou-lhe mais um telefone no sapato... Enfim, faltou-lhe um bocadinho assim...
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14 agosto 2008 

Breviário de fitas: Hello, Wall-E!

Wall-E, Andrew Stanton

«It only takes a moment
For your eyes to meet and then
Your heart knows in a moment
You will never be alone again
»

E a verdade é que a mais surpreendente história de amor do ano é a que acontece entre dois robôs feitos de desenho animado! Porque, entre o universo das mais clássicas aventuras de ficção-científica e a provocadora mensagem ambientalista, o que fica da nova obra-prima da Pixar é a tão divertida quanto comovente história de amor entre um colector de lixo e uma sonda espacial. Pelo meio, há mil e uma citações e referências (desde as canções de Hello, Dolly! até à sombra de E.T., desde as piscadelas de olho a Alien e a 2001 e a Star Trek até às óbvias colagens a R2-D2 e a Johnny 5 e ao iPod), há uma mão cheia de gags certeiros e a surpresa pela quantidade de sentimentos provocados por uma caixa de metal digitalizada que não diz mais do que uma ou duas palavras (ah, e há também uma ficha técnica de se lhe tirar o chapéu, que vai das pinturas rupestres às paisagens de Van Gogh). Se alguém ainda acha que o cinema de animação é coisa de crianças... think again.
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12 agosto 2008 

Breviário de fitas: o labirinto do demo

Hellboy II: O exército dourado, Guillermo del Toro

«Let this remind you why you once feared the dark.»

Há uma cena, mais ou menos a meio deste novo filme de Guillermo del Toro, que revela tudo o que de melhor há em Hellboy: o momento, tão simples quanto hilariante, em que dois amigos partilham desabafos sobre a sua vida amorosa enquanto dão cabo de um (aliás, vários) packs de cerveja e ouvem a mais melosa das canções de amor. Nada de mais normal... se os dois amigos não fossem o filho de Satanás e um homem-peixe, a meio de uma guerra indesejada entre os humanos e criaturas de um outro mundo! Talvez não pareça nada de especial, mas esta imagem serve também para mostrar que, entre demónios e super-heróis, entre bestas e deuses, há espaço para qualquer coisa de muito mais humano - e é isso que distingue a nova aventura deste herói. Isso, e a personalidade única criada por Mike Mignola e recriada pela fantasia indizível de del Toro. Pode não ser mais do que uma sequela de luxo ou um blockbuster bizarro, mas é um verdadeiro festim para os olhos.
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10 agosto 2008 

Breviário de fitas: ver para crer

Ficheiros Secretos: Quero acreditar, Chris Carter

«This isn't my life anymore, Mulder. I'm done chasing monsters in the dark.»

Seis anos depois do definhar monótono da série, Mulder e Scully regressam para resolver um caso que, só com alguma boa vontade, se pode considerar um ficheiro secreto. Mas enfim, para um velho fã da série, qualquer desculpa é uma boa desculpa para voltar a ver a dupla junta no grande ecrã. Mesmo que isso signifique ter de suportar um filme que não é mais que um episódio longo, que não adianta grandes novidades em relação aos últimos episódios e que, apesar de tudo, pouco faz para encher as medidas (quer de fãs quer de leigos). O grande trunfo deste segundo filme, no entanto, reside na relação entre Mulder e Scully - aliás, um dos maiores trunfos da série. Aqui sim, as novidades são muitas e gulosas, mesmo que fique muito por contar e ainda mais por conspirar. Apesar dessas surpresas e das saudades das teorias de Mulder e do cepticismo de Scully, apesar do arrepio que ainda provocam os seis acordes da música de Mark Snow, apesar das muitas piscadelas de olho à série e aos fãs... o esforço sabe, infelizmente, a pouco. Definitivamente, o lugar de Mulder e Scully não é nos cinemas.
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08 agosto 2008 

Breviário de leituras: The big over easy

The big over easy, Jasper Fforde

«Jack peered out cautiously, which seemed daft, considering the door was iron-banded oak. After a few moments he caught sight of six burly nurses surronding a tall figure who was wrapped in a straitjacket and bite mask. Each of the six nurses held the patient by means of a long pole that was connected to a collar around his neck. As they drew closer Jack could see the dark brown cakey texture of the prisoner's skin and with a shiver he knew exactly who it was. He had hoped never to see him again, but was thankful at least that St Cerebellum's was taking no chances. As they walked past, the patient looked at Jack with his glacé-cherry eyes and his thin liquorice lips curled up into a cruel smile of recognition. He winked at Jack, and then they were gone.
Jack stepped away from the window, his palms damp with perspiration. Images of the night he and Wilmot Snaarb had tackled the Gingerbreadman filled his head. He could still see Snaarb's look of pain and terror as the cakey psychopath playfully pulled his arms out of their sockets.»
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05 agosto 2008 

Coura '08: «This is my stage, that is your place!»

Os Sex Pistols e um Johnny nada Rotten («Respect!»). Os espanholinhos Dorian, os Rakes, as pernas da menina dos Sounds e um Bobby Gillespie apenas sóbrio o suficiente. As pitas de hamburger e os crepes de chocolate. O preto e branco dos Spiritual Front e a alegria histriónica dos Teenagers, o regresso de dEUS e a vitória do diabo no corpo de Paulo Furtado («Há aí amor pelos WrayGunn?»). As ceias no Sonho da Seara e os almoços no Barbaças e no Conselheiro. A festa dos Ra Ra Riot, a simpatia ingénua das Au Revoir Simone e o humor seco de Evan Dando. O bater de pé distante ao som da Thievery Corporation e o delicioso encanto dos Caribou (que vistos de trás para a frente têm outra intensidade). Os copos amigos e os cigarros roubados. Uma amizade que se quer para a vida e, apesar de tudo, que saudades de Paredes de Coura...

B.I.

Coisas Breves

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