Breviário de fitas: Au revoir les nazis
«You know somethin', Uitivich? I think this just might be my masterpiece.»
Para lá de todas as expectativas, para lá de todas as polémicas, o que mais fascina no regresso de Tarantino é a completa subversão, logo aos primeiros acordes do genérico - subversão não só dos géneros cinematográficos (dos filmes de guerra ao western-spaghetti), mas também dos clichés, das personagens, das próprias regras do jogo narrativo e, sobretudo, da História. Tão próximo de Kill Bill e de Dirty Dozen como longe de Pulp Fiction e de Patton, a história destes ingloriosos patifes (liderados por um Brad Pitt em formato mashup de Major Reisman com George W. Bush) é simplesmente a da vingança de uma mulher, na qual acabam por ser actores secundários, embora indispensáveis. Que o verdadeiro duelo é entre a fugitiva judia e o oficial nazi (e eis onde reside o trunfo maior: na extraordinária interpretação de Christoph Waltz - um vilão que baloiça constantemente entre a caricatura, a roçar o desenho animado mais slapstick, e a mais genuína e mesquinha maldade). Mas para lá de todas as boas interpretações , para lá de tudo o que venha depois e de todas as suposições e opiniões e críticas e elogios, o que se esconde no regresso de Tarantino é, tão discretamente, uma homenagem (muito à lá Tarantino) ao cinema europeu.
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