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10 julho 2006 

Um poeminha por mail (2)

…Ninguém, nenhum de vós/ veio trazer-me o consolo de uma lágrima./ Ainda bem./ Ter-vos-ia dito: Se me virem na sarjeta, pisem-me em cima;/ se me querem/ bem,/ não se condoam./ Por agora, nem sequer preciso de um colchão/ para descansar como fazem os vivos — dormirei dentro/ de um contentor/ e aí chorarei sozinha/ o meu amigo.

O meu amigo./ Ele é hoje uma semente/ na terra.

Esta/ sentirá a fome de suas mãos/ quando um camponês/ semear nela// uma batata grelada: e, então, quando a minha apertar,/ mastigarei palavras limpas: honestas/ como o eram/ as suas./ O meu lugar à mesa…


(Eduarda Chiote, O meu lugar à mesa)

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