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14 fevereiro 2007 

Um poeminha embalado em dia enamorado (revista de postas)

O AMOR É UMA PÁ CARREGADORA

Quando te vi, tinhas um bocado de morcela entre os dentes da frente
Foi amor à primeira vista meu anjo, que cortaste o meu coração rente
Ainda me lembro, que do teu buço farto e negro escorria o caldo da sopa
O caldo que selou os nossos lábios, quando nos amámos, nas couves, sem roupa

Foi aí que senti as tuas coxas peludas, com brotoejas, e o odor perfumado dos teus pés
Ainda hoje o recordo, foi como narcótico, que nos fez correr o mundo de lés a lés
Voaram as tuas ceroulas, a cinta, os soquetes, até que vislumbrei a floresta do nosso amor
Negra, com pequenos micro organismos a fazer malabarices e tropelias, todos à espera de calor.

O teu corpo escolioso, absorveu o meu para sempre, e dentro do teu corpo nem conseguia respirar
Ainda ontem o teu pai te levou, na Pá carregadora, porque não cabias no carro
Mas senti a tua falta, até me subiu a gosma quando foste curar o bucho tombado
Ainda hoje não consigo respirar, tu és tudo o que eu gosto, és tudo o que me faz andar.


(Embalador de Codornizes, O Embalador de Codornizes)

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B.I.

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