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10 maio 2007 

Aquela coisa meio desesperada

Último dia do veraneio, os dois abraçados na praia, aquela coisa meio desesperada (ele 17 anos, ela 15), ela dizendo:
- Nunca vou esquecer você, Márcio Luiz. Nunca.
- Nunca mesmo, Ana Laura?
- Nunca, nunca. Só de pensar que nós só vamos nos ver de novo no verão que vem...
- Um ano passa rápido.
- Não! Um ano é um tempão. Um ano é demais. Eu não vou agüentar.
- Vai.
- Eu vou morrer.
- Não vai. Eu não morri.
Ela não entendeu.
- Você não morreu?
- Quando nós nos separamos no ano passado. Pensei que fosse morrer, e não morri.
- Nós nos conhecemos no ano passado?
- Nós namoramos no ano passado, Lalá. E quando nos despedimos, você disse que nunca ia me esquecer.
- Peraí. Eu namorei você no verão passado?!
- Positivo. Passamos os veraneio inteiro juntos.
- Tem certeza que era eu?
- Tenho, Lalá.
- Tem certeza que era você? Com o mesmo nome?
- Era eu, Lalá. Era você. Só era outro verão.
- Mas seu cabelo era diferente.
- Era.
Maria Laura ia dizer: "Viu como eu não esqueci?" Mas não disse. Sentiu que alguma coisa adulta tinha sido instalada nela, como um novo softer. Disse:
- Viu só? Um ano é muito tempo. Um ano é tempo demais!


(Luis Fernando Verissimo, Últimas do Verão)

B.I.

Coisas Breves

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