Breviário de fitas: Chicago melodrama
«We're having too good a time today. We ain't thinking about tomorrow.»
Sereno, subtil, inteligente: longe do que se esperaria de um filme de gangsters; nada de estranho para Michael Mann. Mas mais do que um filme de gangsters na tradição de Hollywood (seja a dos velhos clássicos, seja a dos da geração de 70), o novo de Michael Mann é, sobretudo, um duelo. Como em Colateral, como em Heat, este Public Enemies é uma eloquente perseguição, um moroso jogo do gato e do rato, jogado por duas personagens de convicções fortes mas tão cinzentas como a vida. Só que desta vez não há um, mas dois duelos: entre o Dillinger criminoso e o seu perseguidor Purvis e entre o Dillinger apaixonado e a sua perseguida Frechette. No vértice do triângulo, um mesmo Johnny Depp, tão discretamente brilhante que quase ofusca a luz de Marion Cotillard e a precisa batuta de Michael Mann. E depois há aquela última cena, aquele último diálogo, ponto final parágrafo de antologia, que só por si faria qualquer filme figurar no panteão das obras-primas.
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