Breviário de leituras: A morte de Bunny Munro
«O quarto é um festival de papel de parede psicadélico e carpete cor de sangue com motivos de paisley – parece decorado com os pesadelos fantasmagóricos em Technicolor de um abortador clandestino australiano. As cortinas escarlate caem como tiras de carne crua e o abajur de papel do tecto contorce-se com ferozes dragões chineses com bigodes. O quarto tresanda a canos e lixívia, e não tem serviço de quartos, nem minibar.
Bunny Júnior está deitado na outra cama, de pijama, envolvido numa batalha épica com as suas pálpebras atormentadas – a cabecear, depois a acordar sobressaltado, depois a adormecer outra vez – um bocejozinho, uma coçadela, um cruzar de braços para adormecer.
- Pai? – murmura, sem esperar resposta, tristemente, consigo próprio.
Bunny deixa de pensar no traseiro de Sabrina Cantrell e começa a pensar na rata dela, e depressa se lembra da vagina de Avril Lavigne. Tem quase a certeza de que Avril Lavigne possui a porra do paraíso de todas as vaginas e, como resposta a esta elucubração nocturna, dobra cuidadosamente um exemplar do Daily Mail sobre o seu membro semi-intumescido. Afinal, há uma criança no quarto.»
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