A ler... (revista de postas)
...as palavras de João Lopes acerca «Dos maus leitores»:
«ESCREVER. Creio que partilho com muita gente um ponto de vista muito simples sobre o efeito daquilo que escrevo, nomeadamente enquanto crítico de cinema (ou televisão): trata-se de um discurso necessariamente subjectivo, sustentado com o talento (muito, pouco, nenhum…) que me é possível aplicar e não espero nunca — sublinho: nunca — qualquer tipo de unanimidade, muito menos de “consagração”, face à insuperável parcialidade daquilo que escrevo (parcialidade, entenda-se: assunção das consequências decorrentes de um exercício de pensamento que não pretende confundir-se com a singularidade e a legitimidade de qualquer outro pensamento).
LER. Dito isto, há que dizer também que, se é muito frequente assistir aos mais variados processos de intenção (tendencialmente insultuosos) dirigidos a quem, mal ou bem, exerce o trabalho crítico, poucas vezes se diz alguma coisa sobre a violentíssima arbitrariedade que, com crescente frequência, circula por alguns discursos de alguns leitores.
QUE É UM MAU LEITOR? Sim, porque importa deixar bem claro que há maus leitores. Que é um mau leitor? Deixemo-nos de infantilismos: o leitor que discorda de uma qualquer leitura crítica não é um mau leitor — é mesmo, potencialmente, um dos melhores leitores possíveis, já que mantém uma relação dialéctica com aquilo que lê e parte, por sua conta e risco, para a construção de um ponto de vista tão pessoal, e tão irredutível, quanto o do próprio crítico. O mau leitor é aquele quer atribuir uma força de lei ditatorial àquilo que diz, ou escreve, a partir, não das suas ideias, mas em função de um “erro” de origem do próprio crítico. Infelizmente, a facilidade e os automatismos da Internet têm multiplicado a irresponsabilidade de tais discursos. (...)»
(in Sound + Vision)
No mínimo, obrigatório.
«ESCREVER. Creio que partilho com muita gente um ponto de vista muito simples sobre o efeito daquilo que escrevo, nomeadamente enquanto crítico de cinema (ou televisão): trata-se de um discurso necessariamente subjectivo, sustentado com o talento (muito, pouco, nenhum…) que me é possível aplicar e não espero nunca — sublinho: nunca — qualquer tipo de unanimidade, muito menos de “consagração”, face à insuperável parcialidade daquilo que escrevo (parcialidade, entenda-se: assunção das consequências decorrentes de um exercício de pensamento que não pretende confundir-se com a singularidade e a legitimidade de qualquer outro pensamento).
LER. Dito isto, há que dizer também que, se é muito frequente assistir aos mais variados processos de intenção (tendencialmente insultuosos) dirigidos a quem, mal ou bem, exerce o trabalho crítico, poucas vezes se diz alguma coisa sobre a violentíssima arbitrariedade que, com crescente frequência, circula por alguns discursos de alguns leitores.
QUE É UM MAU LEITOR? Sim, porque importa deixar bem claro que há maus leitores. Que é um mau leitor? Deixemo-nos de infantilismos: o leitor que discorda de uma qualquer leitura crítica não é um mau leitor — é mesmo, potencialmente, um dos melhores leitores possíveis, já que mantém uma relação dialéctica com aquilo que lê e parte, por sua conta e risco, para a construção de um ponto de vista tão pessoal, e tão irredutível, quanto o do próprio crítico. O mau leitor é aquele quer atribuir uma força de lei ditatorial àquilo que diz, ou escreve, a partir, não das suas ideias, mas em função de um “erro” de origem do próprio crítico. Infelizmente, a facilidade e os automatismos da Internet têm multiplicado a irresponsabilidade de tais discursos. (...)»
(in Sound + Vision)
No mínimo, obrigatório.
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