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15 julho 2006 

Breviário de palcos: Na solidão dos campos de algodão

Na solidão dos campos de algodão

Não é todos os dias que conseguimos ser tão agradavelmente surpreendidos quando vamos ao teatro como me aconteceu esta noite. Como me aconteceu quando, esta noite, entrei no grande auditório da Culturgest, reduzido a pequeno espaço de partilha, como quando se juntam os amigos à volta de um segredo que se quer sussurrado. "Na solidão dos campos de algodão" é como um desses segredos, desses prazeres que se querem partilhados mas só entre amigos. É tão só um dos mais belos e luminosos textos que vi em palcos portugueses.

Não é todos os dias que conseguimos ser tão agradavelmente surpreendidos quanto fui eu, esta noite, pelas palavras de Koltès, pela dança criada por Boulay, pela música assombrada de Corso e, mais que tudo, pelos gestos, pela voz, pela presença em palco de Victor de Oliveira. E sobretudo, há muito tempo que o tempo não passava tão depressa como passou esta noite na solidão de uma plateia cheia. Se o teatro existe, é por momentos assim. É para momentos assim.

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B.I.

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