Breviário de fitas: A mighty heart
«Why should we be looking for someone we've already found?»
Bizarro. É o mínimo que se pode dizer da história de Christine Collins. Não pela história em si - demasiado cruel para poder ser verdadeira - mas pelo facto de ser uma história... verdadeira. E tão mais bizarra se torna esta história quando sublinhada pela delicadeza da realização de Clint Eastwood e pela sua tocante banda-sonora (em ambos os casos, o duro dos duros expõe, mais uma vez, o seu coração mole), pela subtileza do argumento de J. Michael Straczynski (tão longe e tão perto de Babylon 5) e pelo caos calmo que é a interpretação de Angelina Jolie. Mas a verdade é que - por entre a história de uma mãe dos anos 20 cujo filho desaparece e que, meses mais tarde, recebe de volta um filho que, afinal, não é o seu - está a génese de todo o cinema do homem que foi Dirty Harry: a luta de uma pobre alma que não quer ser herói de coisa nenhuma contra a injustiça dos Homens Grandes. E se, às vezes, entre momentos de verdadeira génio, a realização resvala para um certo classicismo melodramático, talvez seja apenas para nos devolver à realidade de uma história demasiado bizarra, demasiado cruel, para ser verdade. E no entanto...
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Etiquetas: Fitas