Breviário de leituras: Platão e um ornitorrinco entram num bar...
«No século XX, um professor de Harvard fez experiências com drogas psicadélicas e ficou fascinado com a relatividade das suas revelações. Não, não estamos a falar de Timothy Leary. Muito antes disso – foi William James. Quando inalou gás hilariante, James pensou ter visto a unidade suprema de todas as coisas, mas, depois de o efeito da droga passar, não conseguiu lembrar-se das suas revelações cósmicas. Segundo reza a história, a vez seguinte que cheirou gás hilariante amarrou um lápis na mão e deixou o livro do laboratório aberto à sua frente. Claro que teve uma ideia brilhante e desta vez conseguiu anotá-la no papel. Horas depois, no seu estado normal, leu a revelação filosófica que tinha registado: “Tudo tem um cheiro semelhante a petróleo!”
Desapontado no começo, o professor James depressa recuperou o seu sentido filosófico. Apercebeu-se de que a verdadeira questão era se: a) as ideias que lhe pareciam brilhantes sobre a influência do gás hilariante eram, na verdade, banais; ou b) o brilhantismo de “Tudo tem um cheiro semelhante a petróleo” não poderia ser devidamente apreciado a menos que se estivesse sob a influência de gás hilariante.
Há algo nesta análise de James que tem um certo cheiro a piada.»
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