Breviário de leituras: Breakfast at Tiffany's
«- Então ele continua ressentido? – disse ela, olhando carinhosamente para o Berman no outro lado da sala. – Mas ele tem razão, eu devia dar-me por culpada. Não por ter podido ficar com o papel ou ser uma boa actriz, nunca haveria de conseguir. Se me sinto culpada, acho que é por o ter deixado viver o seu sonho quando para mim não havia sonho nenhum. Estava só a dar-me ares para ter a oportunidade de alguns melhoramentos. Sabia perfeitamente que nunca viria a ser uma estrela de cinema. É muito difícil; e se formos inteligentes, é demasiado humilhante. Não tenho complexos de inferioridade para tanto: as pessoas julgam que uma estrela de cinema tem que ter necessariamente um ego gigantesco; na realidade, é essencial não ter ego nenhum. Não é que me importasse de ser rica e famosa. Isso faz parte dos meus planos, e um dia destes hei-de lá chegar; mas quando isso acontecer, quero arrastar o meu ego atrás de mim. Quero continuar a ser eu quando acordar uma bela manhã para ir tomar o pequeno-almoço ao Tiffany’s. Estás a precisar de um copo – disse ela, reparando nas minhas mãos vazias. – Rusty! Eras capaz de trazer uma bebida ao meu amigo?
Ela continuava abraçada ao gato.»
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