Breviário de leituras: Memória das minhas putas tristes
«Na noite do seu aniversário, cantei a Delgadina a canção completa e beijei-a por todo o corpo até ficar sem fôlego; a espinha dorsal, vértebra por vértebra, até às nádegas lânguidas, a zona lunar, a do seu coração inesgotável. À medida que a beijava aumentava o calor do seu corpo e exalava uma fragância rústica. Ela respondeu-me com vibrações novas em cada polegada da sua pele, e em cada uma encontrei um calor diferente, um sabor próprio, um gemido novo, e toda ela ressoou por dentro com um harpejo e os seus bicos dos seios abriram-se em flor sem lhes tocar. Começava a adormecer pela madrugada quando senti uma espécie de rumor de multidões no mar e um pânico das árvores que me atravessaram o coração. Então fui à casa de banho e escrevi no espelho: Delgadina da minha vida, chegaram as brisas do Natal.»
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