27 maio 2008 

Breviário de leituras: Um homem sem pátria

Um homem sem pátria, Kurt Vonnegut

«As notícias são estas: vou processar a tabaqueira Brown & Williamson, que fabrica os cigarros Pall Mall, por danos no valor de mil milhões de dólares! Desde os meus doze anos, nunca fumei outra coisa que não fosse Pall Malls sem filtro, uns atrás dos outros. E há já muitos anos que a Brown & Williamson promete, ali mesmo na embalagem, que me há-de matar.
Mas agora tenho oitenta e dois anos. Obrigadinho, seus patifes nojentos. A última coisa que eu queria era estar vivo numa altura em que as três pessoas mais poderosas de todo o planeta se chamassem Bush, Dick e Colon.»
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26 maio 2008 

Breviário de fitas: Harrison Ford Weekend Special, vol.2

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, Steven Spielberg

«I've got a bad feeling about this.»

O problema deste Indiana Jones não é a idade. O problema deste Indiana Jones não são os quilómetros. O problema deste Indiana Jones não é o tempo que passou. O problema é outro. É o excesso de referências e a sensação de ter mais olhos que barriga. São as piscadelas de olho forçadas ao passado de Indiana Jones. São os soviéticos que não fazem tão bons maus-da-fita como os nazis. É o irritante Shia LaBeouf. É o que se passou no tempo que passou sem Indiana Jones... E o facto de que nem Spielberg, nem Lucas, nem David Koepp se conseguiram livrar dos códigos DaVincis e dos Tomb Raiders que vieram depois de Indiana Jones. O problema deste Indiana Jones não é o Indiana Jones - esse, é o mesmo. O problema é que Spielberg e Lucas já não são... E por mais que se queira gostar e se goste genuinamente, não há como deixar de sentir uma pontinha de desilusão por se perceber que este Indiana Jones foi pensado primeiro para a playstation e para os legos e só depois para o cinema.
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Breviário de fitas: Harrison Ford Weekend Special, vol.1

Blade Runner - The Final Cut, Ridley Scott

«If only you could see what I've seen with your eyes.»

Tanto tempo depois, tanto cut depois, Blade Runner continua a ser um filme fascinante. Apesar de todas as incongruências que o tempo fez questão de criar e de todos os futuros que o cinema fez questão de copiar e massificar, por entre tantas versões e alterações, o futuro de Deckard e o sonho de Roy Batty continuam a ser únicos e tão tocantes como da primeira vez. Misto da versão original de 80s e do director's cut de 90s, este final cut é só mais uma prova de que, por mais que se retoque, uma obra-prima é sempre uma obra-prima.
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23 maio 2008 

Viva la vida

Ir, trabalhar e voltar a correr. E nem ter sequer tempo para saborear a coisa mais rara: uma tarde de sol em Londres! (E ainda assim, entre o check-in e o embarque, conseguir enfiar na bagagem Leonard Cohen, Stephen Colbert e William Shatner.)
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18 maio 2008 

Breviário de leituras: Dearly devoted Dexter

Dearly devoted Dexter, Jeff Lindsay

«Somehow, here I was on a just-right night playing kick the can with a flock of children, instead of playing Slice the Slasher with a carefully chosen friend. And in a little while, when the game was over, I would take Cody and Astor into their mother, Rita's, house, and she would bring me a can of beer, tuck the kids into bed, and sit beside me on the couch.

How could this be? Was the Dark Passenger slipping into early retirement? Had Dexter mellowed? Had I somehow turned the corner of the long dark hall and come out on the wrong end as Dexter Domestic? Would I ever again place that one drop of blood on the neat glass slide, as I always did my trophy from the hunt?

"Ten! Ready or not, here I come!"
Yes, indeed. Here I came.
But to what?»
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17 maio 2008 

Desvio (é p'ró Sofá, faxavôr)

Há pouco mais de dois anos (feitos ainda há pouco), nasceu este poiso para servir de abrigo a um desalojado, depois da casa-mãe ter sido desactivada e dos seus habitantes se terem espalhado por outros albergues.

Pouco mais de dois anos depois, as razões que levaram ao encerramento da casa-mãe parecem ter perdido a validade. E entre alguns jantares e muito vinho, os ex-habitantes da velha casa tomaram a decisão de voltar a viver juntos. Mas em nova moradia.

Dizer, pois, que os Galarzas estão de volta não será o mais correcto. Antes, que os ex-The Galarzas estão de novo juntos, em nova sucursal, a que ebriamente deram o nome de Sofá Universal.

É aqui que se faz o desvio. É por aí que a prosa segue. Os Galarzas morreram. Viva o Sofá Universal!

Eis então que, pouco mais de dois anos (feitos ainda há pouco) depois, se alteram os estatutos desta casa. Mas não se fecha a porta. Vai-se a prosa para o sofá, fica o Breviário. Porque enquanto houver livros para ler, filmes para ver, música para ouvir, imagens para roubar... haverá coisas breves para partilhar.

No entretanto, passamos para o sofá?

14 maio 2008 

Yes, we Cannes

40 anos depois, o festival que o Maio de 68 ameaçou fechar recebe Saramago, Maradona, Che Guevara e Indiana Jones. Ironias...

11 maio 2008 

Do prazer solitário (the fatal consequences)

The fatal consequences of masturbation

 

As novas aventuras de Vómito e Náusea

Depois daquela primeira noite, Vómito e Náusea julgaram que nunca mais iriam viver uma aventura assim. Afinal, estavam enganados. Ainda a Lua não tinha regressado da sua volta, já Vómito e Náusea avançavam pelos caminhos que os irmãos Intestino (o gorducho Delgado e o elegante Grosso) lhes iam abrindo. Ainda o Sol não tinha terminado a sua ronda, já Vómito e Náusea desbravavam os terrenos que Estômago e Fígado lhes haviam entregue. E assim foi que, depois daquela primeira noite, Vómito e Náusea se preparavam para viver mais uma grande e inesperada aventura. Entretanto, alheio a tudo isso, Seu Corpo acordara a meio da noite, levantara-se discretamente, calçara os chinelos e, de mão na barriga, caminhava para a cozinha, em busca de um copo de água, quando de repente...

07 maio 2008 

Não,

este breviário não se pronuncia sobre o anunciado casamento de Scarlett Johannson. Mas lá que tem uma opinião, isso tem...

 

Do prazer solitário (good boys go to heaven)

A good boy always sleeps with his hands above the covers

06 maio 2008 

Esta cidade

Foi-se o velhinho radar, ali à beira da circular. Foi-se o boémio Avião, ali à espreita da rotunda. Em breve, há-de ir-se o aeroporto, ali ao cimo do bairro. Vai ficando sem asas, esta cidade onde aprendi a dormir ao som dos aviões, esta cidade que desconheço...

05 maio 2008 

V.I.P.

Na lista dos 24 portugueses mais influentes do 24horas estão 8 portugueses ligados à política, 4 portugueses do futebol, 2 humoristas, 2 senhores da TVI, 1 magistrada, 1 estilista, 1 cantora, 1 pintora, 1 escritor, 1 tri-atleta, 1 milionário e... o Scolari. Presumo que chamar à lista os 23 portugueses e o brasileiro mais influente dos últimos 10 anos tenha estado fora de questão.

04 maio 2008 

Lorelai e o cabritinho

Em verdade vos digo que, ao segundo jantar, Lorelai e o cabritinho fizeram as pazes. A zanga fora tão breve e tão longa, mas nem Lorelai nem o cabritinho foram capazes de a levar adiante. Felizmente, o amor que os unia podia ainda ser mais forte que o ódio que os separara por tanto mas, afinal, tão pouco tempo.

Em verdade vos digo que, ao segundo jantar, Lorelai e o cabritinho brindaram com licor de leite-creme, fumaram do mesmo cigarro, dividiram a conta e foram para tua casa ou para a minha?

Em verdade vos digo que, ao segundo jantar, Lorelai e o cabritinho fizeram o amor como nunca antes o haviam feito e decidiram que, sempre que a paixão faltasse e a rotina cansasse, combinariam a zanga, deixá-la-iam fermentar e, ao segundo jantar, fariam as pazes e o amor como nunca antes o haviam feito.

Em verdade vos digo que assim foi até ao fim dos tempos. Palavra de Lorelai e do cabritinho.

 

Breviário de palcos: «It's only rock n'roll but I like it»

Rock'n'Roll, Tom Stoppard

«For I heard you singing through the gloom
singing and singing, a merry air
lean out the window, golden hair...
»

Da Primavera de Praga à Revolução de Veludo, do lançamento de The Piper at the Gates of Dawn à actuação dos Rolling Stones em Praga, Rock'n'Roll é uma mui interessante lição de história política e musical, onde comunistas e dissidentes, onde Karl Marx e Syd Barrett, onde um velho filósofo marxista inglês e um jovem professor idealista checo percorrem lado a lado mais de vinte anos da vida de um país que já não existe e de um outro em profunda transformação, ao som de uma banda-sonora que não se limita a dar música, mas a dar que pensar. Em palco, aplausos para as capas dos discos, para o cheiro do vinil e para o trio de protagonistas.
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Breviário de fitas: love story

Lars and the real girl, Craig Gillespie

«Sometimes I get so lonely I forget what day it is, and how to spell my name.»

Que uma história de amor possa dar um belo filme, não é novidade. Que uma comédia bizarra possa dar um filme hilariante, não é estranho. O que é difícil é transformar num filme tão tocante quanto divertido a bizarra história de amor entre um jovem solitário e uma boneca insuflável - e fazê-lo de uma forma tão natural que, às tantas, aquilo que parece impossível, consegue tornar-se real. É no momento em que a subtil realização e o fluído argumento nos fazem olhar para a boneca de plástico através dos olhos de Lars que descobrimos a real girl do título e que a história de Lars deixa de ser uma curiosa comédia para se transformar num filme belíssimo e comovente.
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Breviário de leituras: The penguin of death

The penguin of death, Edward Monkton

«The Penguin softly calls you
From his palace in the snow.
Though every sinew holds you back
You know that YOU MUST GO.

And when you've made the journey
'cross the BARREN icy land,
The Penguin simply nods and says
"I knew you'd UNDERSTAND".

"I knew that you would come, my friend,
Now won't you follow me?
I've made us both some BISCUITS
And a warming pot of tea."

You step inside his palace
And you GASP with silent awe
At the shining crystal ceiling
And the glowing crystal floor.

"Sit down, my FRIEND", the Penguin says
And shows you to your seat.
Then he gently takes your boots off
And starts MASSAGING your feet.

He looks you in the eye and says,
"I know what I must do.
You've come for me to end your life
By METHOD 4-1-2".»
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01 maio 2008 

De feriado a feriado

Por lá, o Boris e o Ken. Por cá, o Santana e a Manela. Por lá, as eleições e a Champions League. Por cá, as manifestações e a praia. Por lá, a chuva e o frio. Por cá, o sol e um pouco mais de calor. Por lá, os Portishead e todos os livros do mundo. Por cá, os cromos do costume e nem uma boa notícia na manchete. Por lá, o Doctor Who no Earl's Court, os donuts em Picadilly e uma mesa no Starbucks da Borders para deixar passar a chuva. Por cá... o sol e um pouco mais de calor.
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B.I.

Coisas Breves

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