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13 outubro 2008 

«Tudo é diferente / no Cairo quente» (notas de viagem)

Diz que, no Egipto, Manuel José, o treinador português, é mais conhecido que Mubarak, o presidente. «Tem 40 milhões de fãs».

A saída para Gizé é às sete da manhã. Não que seja longe. É que na rua, às sete da manhã estão já perto de 30 graus.

As Pirâmides de Gizé foram construídas longe do Cairo e à beiro do Nilo. Entretanto, o Nilo baixou e o Cairo cresceu. Hoje, as Pirâmides de Gizé estão longe do Nilo e à beira do Cairo.

Diz que a melhor vista da Esfinge de Gizé é do terraço do Pizza Hut.

Há quem diga que não há imagem mais apaixonante que o pôr-do-sol no Cairo. Infelizmente, não é fácil ver o pôr-do-sol no Cairo através da neblina, misto de calor e poluição.

O trânsito no Cairo é indescritivelmente caótico. Não interessam os sinais, os riscos no chão, as passagens de peões, os polícias sinaleiros, os piscas. Há sempre espaço para mais um e o melhor amigo do condutor egípcio é a buzina.

O maior perigo que há no Cairo não são os assaltos nem o calor. É atravessar a rua. O truque não é esperar por uma aberta ou procurar uma passadeira. O truque é não hesitar.

Cairo by night é uma imensa feira, com luzes de néon, cheiro a shisha e barquinhos de choque.

Segundo o guia, Hassan, o melhor restaurante do Cairo é o Abou Tarek, uma tasca que só serve koshari e que diz à porta «we have no other branchs».

O Museu Egípcio é um verdadeiro armazém, um gigantesco amontoado de cinco mil anos de história. Seriam precisos vários anos para ver todas as peças uma a uma. E é impossível uma visita sem um guia, tal a escassez de informação e de organização do Museu.

Na mesquita de Muhammed Ali, Hassan fala-nos de uma troca curiosa: a torre do relógio da Cidadela do Cairo (cujo relógio nunca funcionou) foi oferecida pela França ao Egipto a troco de um dos obeliscos do Templo de Luxor (hoje na Praça da Concórdia, em Paris). O guia conta-nos, ironicamente, de como os egípcios trocaram um dos mais importantes e imponentes dos seus milenares monumentos por um relógio avariado...

Perguntamos «quantos habitantes tem o Cairo?». Responde o Hassan: «28 de manhã, 23 à noite». Em milhões. São os cinco milhões que, todas as manhãs, bem cedo, vêm à capital para tratar de burocracias.

O Vale dos Reis, o cemitério dos faraós na antiga Tebas, é dos cenários mais impressionantes que se podem encontrar. Vale a pena penar ao sol abrasador por entre milhares de turistas para ver esta pequena cidade de túmulos no meio do deserto.

Impressionantes são também os Colossos de Mémnon, um par solitário de estátuas faraónicas, como que esquecidas à beira da estrada, no meio de um planalto verdejante entre o deserto e o Nilo.

A cidade de Luxor é um autêntico estaleiro de arqueologia. Diz que entre os dois templos em cada ponta da cidade, há dois quilómetros de pequenas esfinges por desenterrar.

No Egipto há três canais de videoclipes (que quase só passam música árabe), mas não há lojas de discos. Há algumas bancas de «music hites» que vendem cassetes e CDs piratas.

Sharm El-Sheik pode ser a Albufeira do Médio Oriente. Mas não há melhor mar para mergulhar que o Mar Vermelho.

Não há aeroporto mais caótico, desorganizado, sujo, quente e feio do que o aeroporto do Cairo.

No Egipto não há obras, há escavações...
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O teu relato despertou-me nostalgia da viagem que fiz a esse país há 3 anos atrás.
Tive a mesma sensação que tu quando me deparei com a realidade quotidiana do Egipto. É um país cheio de contrastes socio-culturais, mas recomendável para quem quiser conhecer um pouco da história da Antiguidade...

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B.I.

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