31 outubro 2008 

O tempo de antena que se segue é da exclusiva responsabilidade dos seus intervenientes

 

«Yes, ClarkDols.com is...

...Under construction

29 outubro 2008 

Up and down, in Halloweentown

A mais politicamente incorrecta e herege de todas as estações do metro londrino é a de St. John's Wood.

À saída do metro, a acanhada Beatles Coffee Shop vende «official Beatles mercandisise», «fresh food» e «hot and cold drinks».

Sábado à noite, à porta de uma discoteca em Piccadilly, três cheerleaders, um viking, a Abelha Maia e a Mulher Maravilha esperam para entrar. Do outro lado da rua, no balcão de um diner à americana, o Super-Homem bebe um café. Diz que vem aí o Halloween.

Globalização é... três portugueses a almoçarem numa tasca árabe em Londres enquanto vêem o Chelsea - Liverpool com relato em francês, antes de uma conferência organizada por americanos.

À noite, outra vez o Super-Homem, a descer, discretamente, as escadas rolantes do metro de Baker Street.

Num jantar de recepção, perante uma plateia de profissionais da rádio que não lhe estão a ligar nenhuma, Jay Jay, o músico de serviço, canta «I'm easily forgotten». Quando Mica Paris sobe ao palco, pouco depois, alguém pergunta «como é se chamava o rapaz que tocou antes?»

Segunda-feira, dia de trabalho, noite de música: Snow Patrol na universidade e, na volta, um passeio por Abbey Road.

De regresso, no mesmo avião, representantes dos quatro grandes grupos de rádio nacionais. Discretamente, alguém sugere: «se este avião cair, acaba a rádio em Portugal».
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24 outubro 2008 

O código Tarantino

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23 outubro 2008 

Para a mulher moderna

«Empresa brasileira apresenta lingerie com GPS» para maridos ciumentos... na Feira Só Para Mulheres – Encontro Nacional da Mulher Moderna!

 

Breviário de fitas: the Josh Brolin show

W., Oliver Stone

«Who do you think you are... a Kennedy? You're a Bush! Act like one.»

Depois de JFK e de Nixon, seria justo esperar que W. fosse a mais cáustica e arrasadora das três biografias presidenciais de Oliver Stone. Mas a verdade é que Bush Jr. sai muito menos chamuscado do que seria de temer - menos que um vilão ambicioso, Stone vê o Presidente dos EUA como um tontinho fácil de manipular. Talvez por isso, este seja, afinal, o biopic mais subtil da trilogia: mais que o Bush estadista que todos nos habituámos a odiar, o que Stone nos mostra são retalhos da vida do Bush pessoal no seu caminho para a Casa Branca (um pateta alegre com que todos poderíamos simpatizar, não conhecêssemos nós a peça), intervalados por retalhos do dia a dia do cromo presidencial e sua administração, no caminho para a invasão do Iraque. Faz falta a política, fazem falta os bushismos, mas ainda assim, a verdade é que, no final - de Colin Powell (apesar de tudo, o mais sensato) a Dick Cheney (a personificação da ganância) - ninguém fica bem visto no retrato. De resto, o que fica é a extraodinária interpretação de Josh Brolin e a banda-sonora, cínica q.b.
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Breviário de fitas: sessão dois em um, dois

Guerra S.A., Joshua Seftel

«Look, we've already kicked the shit out of this place. What are we supposed to do? Turn our backs on all the entrepreneur possibilities?»

Primeiro, houve Grosse Point Blank. Depois, houve a ideia de um novo projecto. Depois, o boato de uma sequela. E agora, finalmente, dez anos depois, há... isto - esta espécie de comédia / fábula política / telenovela / manifesto anti-capitalismo imperialista pós-guerra de série B, que não sabe bem o que quer ser nem que história contar. Não sei o que será pior: se o argumento tão confuso e mal-amanhado, se a realização tão perdida e incompetente, ou se o facto de, num filme com John Cusack, Joan Cusack, Marisa Tomei ou Ben Kingsley, a interpretação mais... enfim, melhorzinha, ser a de... Hilary Duff! Claro que há algumas bocas certeiras e algumas larachas divertidas, mas no final, ao fim de mais de dez anos à espera, o resultado não podia ser mais decepcionante. Enfim, foi o que se pode arranjar, não é?
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Breviário de fitas: sessão dois em um, um

Em Bruges, Martin McDonagh

«Maybe that's what hell is, an entire eternity spent in fucking Bruges!»

Bruges pode ser um misto de Disneylândia com Veneza, mas a estreia cinematográfica do dramaturgo Martin McDonagh não é propriamente um desenho animado nem uma comédia romântica. E no entanto, Em Bruges há tanta animação como romance: há assassinos à espera, belas traficantes de droga e anões pelo caminho, há amor e sentido de humor, há tiros que provocam risos, há cerveja e chocolate, há turistas americanos e outros que não e, acima de tudo, há uma ternurenta estória de amizade, um divertido trio de actores em modo subtil e uma revelação atrás das câmaras. E, mais do que tudo, há um delicioso postal ilustrado. Well done, mate!
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21 outubro 2008 

E na volta do correio... Reservoir bitches!

Bitch slap

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14 outubro 2008 

Breviário de leituras: Na Patagónia

Na Patagónia, Bruce Chatwin

«O poeta vivia sozinho numa cabana de duas divisões à beira do rio, num lugar isolado coberto de damasqueiros. Tinha sido professor de literatura em Buenos Aires. Viera à Patagónia quarenta anos atrás e tinha ficado.
Bati à porta, e ele acordou. Caía uma chuva miudinha, e, enquanto ele se vestia, abriguei-me debaixo do alpendre e fiquei a admirar a sua colónia de sapos de estimação.
Os seus dedos apertaram-me o braço e fixou-me com um olhar intenso e luminoso.
- Patagónia! - exclamou. - É uma amante possessiva. Enfeitiça. Uma autêntica sedutora. Envolve-nos nos seus braços e nunca mais nos deixa partir.
A chuva tamborilava no telhado de lata. Durante as duas horas que se seguiram, ele foi a minha Patagónia.»


NOTA: A esta nova edição da Quetzal falta o capítulo 89 - a narrativa avança, aparentemente sem sobressaltos, do 88 para o 90. Resta saber se é desleixo do editor ou devaneio do autor...
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13 outubro 2008 

«Tudo é diferente / no Cairo quente» (notas de viagem)

Diz que, no Egipto, Manuel José, o treinador português, é mais conhecido que Mubarak, o presidente. «Tem 40 milhões de fãs».

A saída para Gizé é às sete da manhã. Não que seja longe. É que na rua, às sete da manhã estão já perto de 30 graus.

As Pirâmides de Gizé foram construídas longe do Cairo e à beiro do Nilo. Entretanto, o Nilo baixou e o Cairo cresceu. Hoje, as Pirâmides de Gizé estão longe do Nilo e à beira do Cairo.

Diz que a melhor vista da Esfinge de Gizé é do terraço do Pizza Hut.

Há quem diga que não há imagem mais apaixonante que o pôr-do-sol no Cairo. Infelizmente, não é fácil ver o pôr-do-sol no Cairo através da neblina, misto de calor e poluição.

O trânsito no Cairo é indescritivelmente caótico. Não interessam os sinais, os riscos no chão, as passagens de peões, os polícias sinaleiros, os piscas. Há sempre espaço para mais um e o melhor amigo do condutor egípcio é a buzina.

O maior perigo que há no Cairo não são os assaltos nem o calor. É atravessar a rua. O truque não é esperar por uma aberta ou procurar uma passadeira. O truque é não hesitar.

Cairo by night é uma imensa feira, com luzes de néon, cheiro a shisha e barquinhos de choque.

Segundo o guia, Hassan, o melhor restaurante do Cairo é o Abou Tarek, uma tasca que só serve koshari e que diz à porta «we have no other branchs».

O Museu Egípcio é um verdadeiro armazém, um gigantesco amontoado de cinco mil anos de história. Seriam precisos vários anos para ver todas as peças uma a uma. E é impossível uma visita sem um guia, tal a escassez de informação e de organização do Museu.

Na mesquita de Muhammed Ali, Hassan fala-nos de uma troca curiosa: a torre do relógio da Cidadela do Cairo (cujo relógio nunca funcionou) foi oferecida pela França ao Egipto a troco de um dos obeliscos do Templo de Luxor (hoje na Praça da Concórdia, em Paris). O guia conta-nos, ironicamente, de como os egípcios trocaram um dos mais importantes e imponentes dos seus milenares monumentos por um relógio avariado...

Perguntamos «quantos habitantes tem o Cairo?». Responde o Hassan: «28 de manhã, 23 à noite». Em milhões. São os cinco milhões que, todas as manhãs, bem cedo, vêm à capital para tratar de burocracias.

O Vale dos Reis, o cemitério dos faraós na antiga Tebas, é dos cenários mais impressionantes que se podem encontrar. Vale a pena penar ao sol abrasador por entre milhares de turistas para ver esta pequena cidade de túmulos no meio do deserto.

Impressionantes são também os Colossos de Mémnon, um par solitário de estátuas faraónicas, como que esquecidas à beira da estrada, no meio de um planalto verdejante entre o deserto e o Nilo.

A cidade de Luxor é um autêntico estaleiro de arqueologia. Diz que entre os dois templos em cada ponta da cidade, há dois quilómetros de pequenas esfinges por desenterrar.

No Egipto há três canais de videoclipes (que quase só passam música árabe), mas não há lojas de discos. Há algumas bancas de «music hites» que vendem cassetes e CDs piratas.

Sharm El-Sheik pode ser a Albufeira do Médio Oriente. Mas não há melhor mar para mergulhar que o Mar Vermelho.

Não há aeroporto mais caótico, desorganizado, sujo, quente e feio do que o aeroporto do Cairo.

No Egipto não há obras, há escavações...
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04 outubro 2008 

A propósito dos dias que se seguem...

...na «capital do mistério, terra de aventureiros». حتى الآن.

02 outubro 2008 

Breviário de fitas: Patriot act

Olhos de lince, DJ Caruso

«Who do you think is winning?»

Diz que em equipe que vence não se mexe. Sendo assim, um ano depois, o trio Shia LaBeouf / DJ Caruso / Steven Spielberg volta com mais uma dose de acção e suspense para a geração bluetooth. Desta vez, pelo meio da corrida, das explosões e da paranóia geral, há tempo para a crítica a um certo estado de vigilância totalitária e espaço para as referências a 2001 e a 1984. De resto, é uma mão cheia de actores a cumprir horário e duas horas de montanha russa. Puro entretém.
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Breviário de fitas: dumd & dumber

Destruir depois de ler, Joel & Ethan Coen

«- So what did we learn from this?
- Huh... I don't know.
- I don't fuckin' know either.
»

É espantosa a forma aparentemente simples como os Irmãos Coen conseguem saltar de obra-prima em obra-prima, como se não custasse nada. É verdade que, pelo meio, houve tempos de pouca graça, mas é curioso que a nova comédia dos Coens chegue ainda na ressaca do Óscar e exactamente 10 anos depois d'O grande Lebowski. É que há muito de Llewelyn Moss e de Dude em Harry Pfarrer e em Chad Feldheimer. E na estória de Harry e Chad, tal como nas de Llewelyn e Dude, há cromos demasiado obtusos para terem noção do que estão a fazer e azarados com alguma cabeça apanhados no fogo cruzado sem saber como, há muitas pequenas idiotices acumuladas que dão numa grande estupidez, há um humor demasiado cáustico e surpresas demasiado brutais, há muito que fica por dizer e ainda mais para ler nos olhares, há sempre um ponto final quando menos se espera e um anti-clímax no momento certo. E há, nesta estória, alguns dos momentos mais hilariantes que os Irmãos Coen nos deram. É espantosa a forma como os Coens conseguem fazer comédias tão inteligentes sobre gente tão burra.
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01 outubro 2008 

Breviário de fitas: gangsta's paradise

A turma, Laurent Cantet

«J'aime pas les maths, les racistes et j'aime pas Materazzi.»

É fácil perceber o encanto de Entre les murs. De forma brutalmente realista, quase documental, e não querendo ser mais do que um retrato, cru e directo, do dia a dia de um professor e sua turma numa escola problemática de Paris, o filme de Laurent Cantet consegue a extraordinária façanha de revelar as duas faces da moeda: por um lado, as diferenças culturais e os problemas familiares dos alunos; por outro, as muitas dificuldades que levam os professores à ruptura e as variadas reacções que isso provoca na sala de aula. E tudo isto sem ter de recorrer e excessos melodramáticos nem a velhos truques de Hollywood - basta a realidade... É por isso que, entre jovens filhos de emigrantes e novos professores, as estrelas da turma são, além do próprio François Bégaudeau (protagonista, co-argumentista e, antes disso, professor e autor do livro em que o filme se baseia), os jovens alunos, que trouxeram para o filme os seus problemas, os seus conflitos, os seus dramas, e deram a esta turma uma alma que nenhum argumentista vindo de fora conseguiria atingir.
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B.I.

Coisas Breves

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