Era um dia de folga tão bem planeado. Levantava-se cedo. Via um filme pela manhã. Pela hora de almoço, o programa costumeiro (que nem a folga impedia), mais um outro programinha, para não estragar o fim-de-semana. Um café alegre com amigos pela tarde e uma ronda pelas montras à procura d'A Prenda. À noite, enfim, fosse o que viesse.
Era um dia tão bem planeado. E ao invés, tudo para o boneco. Sim, levantou-se cedo. Sim, viu um belo filme pela manhã. Sim... Não, que a partir daí, tudo o que havia para correr mal, mal correu. O programa costumeiro (precedido de surpresa em forma de embrulho, quando tudo ainda parecia seguir o plano) transformou-se num inferno longe dos dias normais, aquecido a fervores de posso-e-mando, seguido de uma inesperada (mas, felizmente, bem temperada) reunião a meio da tarde, que adiou para quando pudesse ser o outro programinha para não estragar o fim-de-semana (já lá vamos). O café alegre com amigos deu em tardias imperiais de afogar mágoas maldizentes. E para o final do dia, mais princípio da noite, sem dinheiro nem gasóleo nem tempo nem paciência (tudo perdido numa hora perdida entre Campo de Ourique e Chelas), lá se cumpriu o tal outro programinha para não estragar o fim-de-semana (já cá estamos) feito programinha de estragar folga. A Prenda, falta A Prenda! Pois, a esta hora, que fique A Prenda para amanhã...
Estragada a folga e o humor, há que reabastecer no sítio do costume, que para o jantar não há comer. Compensa-se o descontentamento com uma caixa de bolinhos, ainda quentes, acabados de sair... e que não duram nem até à porta, que, já pagos e ensacados, espalham-se corridios pelo chão... E nem na bomba a noite melhora, que, a esta hora, já as mangueiras estão fora de serviço! Siga em ponto morto até à casa de partida.
Era um dia de folga tão bem planeado, não era? Raistaparta!